O ligamento cruzado anterior (LCA) é o ligamento mais frequentemente lesionado no joelho. Nos Estados Unidos, aproximadamente 200.000 reconstruções do LCA são realizadas a cada ano. Historicamente, as primeiras técnicas para reconstrução do LCA utilizaram enxertos extra-articulares. Subseqüentemente, reconstruções intra-articulares foram realizadas, inicialmente através de uma artrotomia e posteriormente artroscopicamente. Recentemente, há uma ênfase na reconstrução anatômica. Sabe-se que os pacientes diagnosticados com lesões "isoladas" completas do LCA podem ter diferentes graus de frouxidão rotacional. A reconstrução do LCA pode não restaurar o controle rotatório normal, levando a frouxidão patológica residual do joelho.
As várias técnicas de reconstrução anatômica do LCA tentam reduzir a frouxidão rotatória colocando o enxerto no local original do ligamento. No entanto, mesmo sem falhas técnicas e posicionamento adequado dos túneis ósseos, uma instabilidade residual pode ser observada em aproximadamente 7% de pacientes após a reconstrução do LCA. A causa mais comum da frouxidão patológica residual é a falência de enxerto. Além disso, lesões concomitantes não tratadas das estruturas anterolaterais podem contribuir para a frouxidão pós-operatória do joelho. Estudos anteriores e recentes demonstraram a importância da banda iliotibial, a cápsula anterolateral e o espessamento desta cápsula na estabilidade rotatória do joelho. Essas estruturas, particularmente o ligamento anterolateral (LAL) pode ser a chave para restaurar os limites normais do movimento do joelho. O LAL foi descrito pela primeira vez por Segond em 1879, há mais de 130 anos, mas poucos estudos haviam realmente focados em sua estrutura.
Portanto, o objetivo deste estudo foi descrever o LAL do joelho, estabelecer seus pontos anatômicos de fixação em relação a outras estruturas anatômicas da região, determinar as medições deste ligamento, e realizar uma análise histológica para verificar se é mesmo um ligamento.
O LAL foi claramente observado em todos os joelhos estudados. Na análise histológica dos ligamentos, a presença de tecido conjuntivo denso com fibras arranjadas e pouco material celular foram encontradas. Isso confirmou a presença de um ligamento verdadeiro nesta área e não apenas um espessamento capsular menos organizado.
Esta linha de pesquisa é muito significativa porque as técnicas atuais de reconstrução do LCA podem não atingir a frouxidão rotatória normal. Em nosso estudo, o LAL foi encontrado em todos os joelhos com comprimento, largura e espessura semelhantes aos estudos recentes. Este estudo estabelece os marcos anatômicos do LAL.
A inserção tibial do LAL é responsável pela fratura de Segond, que é uma avulsão óssea da tíbia anterolateral encontrada em aproximadamente 9% dos pacientes com ruptura do LCA.
Referência:
Anatomy and Histology of the Knee Anterolateral Ligament. Orthop J Sports Med. 2013 Dec 9;1(7).